Fim de semana, de ano, de fim

“Não consigo sair no fim de semana” 

Respondeu ele quando lhe chamei para almoçar

No dia que me lembrei do seu sorriso bobo Depois daquele beijo bêbado roubado 

Que peguei como presente de aniversário 

Esses avanços já me vem como um (mau) hábito 

Não respondeu a verdadeira pergunta que fiz

Então me dei várias respostas em seu lugar 

Não gostei de nenhuma 

Voltou com a ex, aquela logo antes de mim

De quem ele reclamava pois chegava de mala

E lhe roubava a paz das folgas 

Ou pior, assumiu de uma vez sua saga edipiana

Da sogra, o quarto deixou de ser de hóspedes 

Se casou com a mãe 

Balela, bebê 

É ilusão essa luta silenciosa 

Entre ex mulheres e mães

E traumas e desejos e paz

Não é problema meu o que ele faz 

Ou o que ou quem quer 

Quando é tão evidente o que ele não: Eu

Respiro fundo ao me preparar para o pouso 

Recordando a segunda lição do nosso adeus: 

O amor é uma escolha 

E a primeira: a disputa entre mulheres

Só serve aos homens 

Nos torna servas