Halloween

Eu quero tomar banho e comer e vomitar 

E fiz comentários questionáveis sobre o guitarrista

Que a minha amiga levava pra casa

E bebi mais do que devia, bebidas que não devia

Chope e chope e chope e chope

E chope e whisky com coca 

E papos aleatórios com aleatórios

E tudo gira ainda, um pouco, muito 

Nesse banheiro onde eu tenho uma toalha rosa

Que ganhei de um homem que disse que me amava

Quando já nem amava 

E que quem usou foram outros homens 

E hoje era pra ser dia das bruxas

Mas era sábado então já não era

Mas era a festa 

E na verdade era aniversário da mãe dele 

E ela disse que sente minha falta 

(Só porque não estou lá)

E que quer me ver 

(Só porque não precisa me ver mais)

E o filho marido ex marido namorado ex sei lá 

Apareceu como um fantasma no meu dia 

Das bruxas 

E não perguntou nada nem falou nada nem nada

Só veio e foi e deixou dois corações palpitados

E nenhuma pergunta

Batendo 

Nem nenhum adeus 

Ou olá 

Aí quando o guitarrista que pegava a minha amiga 

Fala que eu fui indelicada

Eu trago de volta nesse Halloween 

Todas as minhas indelicadezas 

Todas as vezes que fui bruxa 

Ou bruta 

E tomo um bom banho gelado 

Quem sabe jogo algo desse álcool pra fora 

E lembro que sou gente e sou falha 

E estou bêbada

Por isso, mereço banho, dentes escovados 

Ventilador bem fraco pelos cabelos molhados

E um dia a mais de gentileza 

Que o meu seguidor silencioso me reserve

Pelo menos esse dia é só dos mortos

E dos fantasmas e das bruxas e de nós 

Que já fomos amaldiçoados 

E já morremos sem dizer adeus 

E já amanheceu o dia dos vivos