Camas pequenas

Tenho tido problemas simples

Como perceber que minha cama é… 

Grande demais para mim 

E pequena demais para dois 

Mas lembrei que comprei lençóis de algodão 

Do mesmo tamanho que os meus

E na mesma loja 

Para uma cama que parecia tão maior…

Esbarrando no cotovelo do meu sobrinho 

Adormecido como uma pedra 

Não sei onde colocar meus braços, minhas pernas

Faz frio e faz calor e o sono escapa nos suspiros 

Dividi a cama com a minha mãe e ela disse 

Que meu sono costumava ser muito pesado

Mas agora eu acordo por qualquer coisa

Qualquer movimento ou respiração 

Ela disse que tenho sono de mãe 

Voltei a memória para aquela cama grande demais 

E percebi que, no mesmo espaço

Dormíamos mais juntinhos 

Sem combates, somente encaixes 

Eu acordava sim com qualquer movimento 

Para encaixar meu braço de volta no seu

Que foi embora, ou cruzar uma perna sobre outra 

Ou arredondar meu quadril sobre seu ventre

Sempre esperando um semi-despertar ereto

Um alarme para fazer café

Ou que essa manhã fosse a nossa última 

Desaprendi a dormir sem esperar por nada 

Não sei mais dormir 

Em cama vazia de sonhos

Abraçada em travesseiros de ilusões  

Ou cheias de espaço pra adeus

O jeito é sonhar acordada