Oceânica
Nus saímos do útero
E assim também voltamos a ele
Oceânica, filha do mar
De olhos marejados em banhos fluídicos
De suores e salivas e sabores umami
Arfando nas ondas de lençóis azuis
Penitenciando os joelhos
Oscilando pendular, lagamar
Em cadência lúgubre e voz voraz
Respirando gardênia, sal e livros
As pestanas semicerradas, janelas abertas
Adejando as cortinas e as ondas e os corpos
Como barcos numa cálida tempestade
Se partindo entre naufrágio e voo
Meu desejo, muito além do submergir
Das braçadas ou do retorno ao fôlego
Mora de olhos fechados no fundo
Minha pequena morte é um mergulho no mar sem fim
Comentários
Postar um comentário