Cão que ladra
Olhos fechados
Escuridão total
As cortinas adejam suaves ao vento
Da janela e do ventilador
Ela não vê
Late e late e late
Um suspiro
Olhos cerrados
Um lenço sobre os olhos e ouvidos
Vira para um lado, silêncio pela metade
Um travesseiro entre as pernas
Duas horas para dormir
Late late late
Um antialérgico
Olhos e ouvidos apertados contra um travesseiro
O corpo aquecido pela agitação
O sangue pulsando como raiva líquida
Os lábios mordidos, a testa franzida
Se pudesse, ela comeria vivo o maldito cão
Late e late e late
Os tampões nos ouvidos
Quase se encontrando do outro lado
Quando mais fundo eram pressionados para dentro
Mais altas e furiosas eram as lamúrias
Como se fossem só pra ela, para seu inferno pessoal
E late e late e late e late e late e late
Queria um sonífero, um gole de veneno
Uma taça de vinho, de vodka, uma garrafa
Que seria bebida até a secura
E atirada contra o muro criminoso
Que a separava impossivelmente do sono
Que nunca veio
Late mas não morde
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