Atopia
Constantemente comparando tudo com tudo
Todos com todos, todas com todas
A voz, o gesto, a cor do cabelo
A gente esquece como nosso amor a dois é único
Como o nosso outro é só nosso
Como cada momento é um segundo exclusivo
Um incomparável grão de areia caindo numa ampulheta
Eterno, e que não volta mais
O meu amor eu não comparo
Com outros amores passados
Comparo com toda a letra de música
Com todos os livros lidos e por ler
Com cada poema e cada estrela no céu
Com a rosa mais vermelha que desabrocha
O objeto amado não é um objeto objetivo
Ele entra por meus olhos, meus lábios, meus poros
Se entranha no meu inconsciente
Faz morada na minha subjetividade
Como um invasor de corpos na ficção científica
E a partir dele, cada movimento
Cada gesto, respiração e canção cantada
É para o meu amar, o meu amor, o meu amado
“Privado de sua alteridade
O outro não pode ser amado
Apenas consumido”
Byung-Chul Han
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