Poesia de qualquer amor
Te amei em sua arte, em parte
Te amei na parte do poeta que me toca
Não no toque nem no tique nem no tac
Amei também no tic tac do relógio quebrado
No toc toc da porta antes de abrir
No sorriso castanho que refletia meu Narciso
Te amei no seu cheiro terroso
No gosto de vinho, na inspiração alcoólica
Em tudo que eu amava e você deu moldura
Te amei na sua intensidade insana
Na explosão de amor que reconheço
Porque não é nada além de todo o amor que eu mereço
Ainda mais em cada recomeço
Pois o golpe de cada tropeço me deixava
Te puxar pela mão e te dar colo, peito, pescoço
Te amei curiosa e livre
Meus dedos percorrendo seus desejos
Beijando teus pés pra que me adorasse
Lendo nesta tarde meus poemas muito antigos
Aprendi que te amei, talvez
Porque você inteiro já cabia em todos eles
Te amei por você também, até
Mas te amei mais por despertar em mim
Esse amor adormecido de artista
De quem gosta de sofrer porque sofre bonito
Freud disse tudo e a gente não ouviu
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