Paradoxo da escolha


Essa é mais magra, essa também corre
Esse é mais alto e tem bom emprego
Essa tem filhos, será que quer mais?
Esse é de longe demais 

Ela fuma… mas é de esquerda 
Ele corre… será que de mim?
É mais gordinha… será que emagrece?
Ele corre… será que pra mim? 

No paradoxo da escolha
Nos encontramos sem querer, querendo
Escolhendo o mais distante, o mais difícil de mudar 
Vai ver foi a vontade de mudar que nos juntou 

Você me conquistou e fez colônia 
Mudou toda a cultura e deixou marcas civilizatórias 
Eu conquistei como trepadeira que sou
Espalhando meus pequenos ramos pelos cômodos 

O paradoxo veio num terceiro ilusório 
Quando você começou a pensar que talvez 
Se eu te amava tanto assim e pedia amor em troca
Talvez alguém lá fora amasse igual ou melhor
Mas pedisse algo mais fácil…

É estranho aprender que o amor atrapalha
Fica pedindo atenção e passeio que nem cachorro 
Muda os planos da semana, gosta de outras coisas 
Nos acorda de madrugada com barulho de descarga 

Que por mais que a gente goste, vive desgostando
Que sente falta de longe e quer distância do lado 
Que por mais boazinha que seja
Nunca é boa o suficiente pra mãe 

Aí a gente fica dando desculpa 
“Mas ela tá emagrecendo
Ela tá malhando
Ela parou de fumar…”

Porque não entende que perfeição é ser de verdade
Com o outro, apesar do outro 
Que as demandas externas não precisam ser mais fortes
Do que a vontade louca de abraçar no fim do dia 

O paradoxo da escolha também é esse 
Quem eu escolhi agradar mais? 
Eu ou o outro?
Se for o outro, qual outro? 

O que me da qual tipo de amor? 
O do gosto, da dívida ou da dúvida?
Eu amo com mais vontade o amor ou o adeus?
Ou será que o que eu quero mesmo 
É escolher de quem eu reclamo melhor na terapia?

É aprendendo que quando o outro 
É realmente um outro 
Que a coisa toda de conquistar 
Fica ainda mais gostosa 
E isso não é problema de ninguém 

Toda a escolha é uma renúncia 

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