Mês do desgosto
Acabou agosto
Há um ano um pombo correio maldito
Trouxe a semente da discórdia de além mar
E a plantou fundo em dois corações
Em terra fértil, quem tem um olho é rei
Tive dois olhos pro céu
Vendo o paraíso além das nuvens
Sob meus pés, me arrancavam o chão
Pelas costas, por baixo dos panos velhos
Trocavam cochichos e risos
Gracejos de antigos amantes
Não percebi a falta pois amava amar
Há um ano uma escolha foi feita
Entre passado, presente e futuro
E o futuro foi dado de presente
Para alguém do passado
Que abandona e despreza presentes
Hoje minhas asas fazem aniversário
E me pergunto se devo fincar meus pés solitários
Insistir nesse chão que me nega frutos
Ou se arrasto minhas penas penosas para longe daqui
Quero estar onde a brisa me sopre um beijo
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