Açúcar (ou) O amor mora no hábito
“Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
Qual o quê!”
Observei que escrevo muito sobre as mesmas coisas
O cheiro do café passado, o abraço pela manhã
Menos do que sobre os jantares elegantes
As paisagens exuberantes que dividimos no olhar
Não é que não me importem esse momentos
Claro que sim, amei todos e te amei em todos
Te vendo turvo na água de mãos dadas olhando peixes e corais
Corando de vinho, encostando nossos pés sob a mesa, sob as estrelas
Psicanalisando nossas dores à beira da piscina
Falando de Édipo sem entender nada de teoria
Pranteando os mortos em um estádio gigantesco
Ao som de Wish you were here
Pisando em pedrinhas e conchas
Me amando todos os dias de todas as viagens
Sedento e esfomeado em três refeições
Com as quais minha fome hoje apenas sonha
Mas o que faz uma vida feliz é o todo dia
O livro no sofá
A lasanha feita em casa
O camarão no abacaxi
A marmita no microondas
Os ovos mexidos
O leite em pó
A quantidade certinha
Precisa e necessária
De açúcar no meu café
É isso
Pra mim o amor se perfuma no evento
Mas mora no hábito
Que pena
“Todo dia ele faz diferente
Não sei se ele volta da rua
Não sei se me traz um presente
Não sei se ele fica na sua
Talvez ele chegue sentido
Quem sabe me cobre de beijos
Ou nem me desmancha o vestido
Ou nem me adivinha os desejos”
Referências:
Com açúcar, com afeto
Sem açúcar
Comentários
Postar um comentário