Histérica
As vezes acho que estou ficando histérica
Manifestando sintomas fictícios, físicos
Fantásticos, fabulosos, enfeitiçados
Andei até perdendo o controle dos dedos no teclado
Fico lembrando de lembranças recalcadas, deprimidas
De enorme intensidade emocional
Emocionada, emotiva, delirante
Virei essa bola de desejo humano que deseja desejos
Andei sonhando, alucinando conversas
Com raiva de stickers que você nunca mandou antes
Vendo imagens do lugar errado na hora errada
Talvez recicladas? Enciumadas? Louca
Gastrites, raivas, paralisias
Dores de cabeça, nas costas
Ideias mórbidas, atraso menstrual
Choro frequente, frenético e fértil
Tentei inverter esse amor
De transtorno obsessivo compulsivo
Transformar em raiva, em ódio
Como uma Salomé que não pode te ter todo
E deseja só a genial cabeça
Mas não consegui
E sublimei mil vezes todo esse amor em poesia
Nessa loucura de reviver o passado a dois
Qual é a diferença entre fantasia e delírio?
Meus delírios fantasísticos são agora
Os únicos recursos para manter alguma loucura
Nessa sanidade chata da paz sem você
Um jeito doido de manter nossa louca paz viva
Calligaris me convidou a “mudar de neurose
A fugir da mesmice de uma neurose só”
Deprimidos com excesso de passado
Ficamos ansiosos por excesso de futuro
Eu te convido a sofrer das nossas crises
De novas crises
Não mais ressofrer e terceirizar o passado
A gente já é difícil o suficiente num relacionamento a só nós dois
Pois já passou da hora de passar
Por tempo demais sofri de reminiscências
Passou
Me chame pra jantar que tenho fome de futuro
Nessa volta dos que não foram
Sei lá se a gente acabou, acabados
Não se deixando ir o suficiente
Pra poder querer voltar
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