Ainda um livro aberto
Os livros abertos, a respiração lenta
A luz amarela iluminando suas páginas brancas
Meu cabelo cobre, minhas folhas crema
O ruído suave do ar-condicionado…
1603 quilômetros distantes
Unidos por capas diferentes
Separados por pulsões reprimidas
Duas camas com um lado frio
Seu coração suaviza devagar
Meu sono não chega
Você fecha o livro e abraça o travesseiro
Eu leio mais dez páginas, ou cem
Anestesiada por altas doses de distância
A terapia amanhã não é mais sobre você
É sobre um ato falho constante nas memórias
Que talvez explique o meu cansaço
Rabisco uma anotação e junto as faces de papel
Rosto com rosto combinando
Será que a tinta dança quando a gente não vê?
Preciso dormir, mas não quero.
Minha insônia me encara, é minha escolha
Fugir dos sonhos vazios, da angústia
De abraços que eu só recebo de olhos fechados
Se fosse abraçada em carne hoje, iria chorar?
Encaro a fronte no espelho, sem pranto. Em prece
Orando à toda a alma que sobe e que desce
Pra que se fosse possível, se desse
Deixar logo passar o que passou
Já me cansei de escrever lamúrias
Você já se cansou de ler?
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