Escusas transações

  

Não, não, não, não 
Esse até talvez 
Mas pra quê?
Pra quem?

Não, não, não, não 
Eu só queria transar 
Esquecer de tudo por um instante sublime
Mas o meu meio vazio não é o que a transa preenche 

Não, não, não e não
Esse sim, quem sabe?
Quantos gritos esse me arranca?
Em um copo de gozo cabem quantas lágrimas? 

Não, não, não e NÃO! 
Não quero europeu nem branco 
Nem verde nem azul nem nada
Não tem cor na escuridão desse abismo

A cor as vezes acerta
Mas qual é o calor do toque na língua?
E o gosto de caramelo? O cheiro de vinho terroso?
Não, não tem

Um olhar ou um sorriso que atraem
Mas ter com outro é te trair ou a mim?
Com quantos títulos se retira o titular?
Pra que correr se no final não tem pódio?

Eu só queria ver uma vez mais
As suas fotos correndo, suado, sisudo 
Lembrar o que foi que me atraiu
Adivinhar de quem viria o oi dessa vez 

Em meus devaneios 
Te ver aqui é uma segunda chance 
De começar outro futuro, sem passado
De re-conhecer, encher o copo e matar a sede

E assim
Rolando o indicador para esquerda
Como movido por uma roldana invisível 
Eu me pergunto se hoje você paga para não ser visto
Ou pra que eu não te veja nunca mais 

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